sábado, 22 de março de 2008

Fichamento do texto nº 1:


Tudo que é sólido desmancha no ar”

A aventura da modernidade

Marshall Berman


BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade. São Paulo, Companhia das Letras, 2007. Introdução: “Modernidade – ontem, hoje, amanhã” p. 24-49.

Modernidade: ontem hoje e amanhã

A modernidade é o conjunto de experiências de tempo e espaço de si mesmo e dos outros que é compartilhada por homens e mulheres no mundo hoje. A idéia de modernidade está imbuída do conceito de transformação, de mudança constante e veloz, ela (modernidade) transforma o ambiente, a sociedade e sua economia.

Traz à tona um turbilhão de mudanças e desintegrações, criando e destruindo, deixando a estabilidade incerta; tudo que é sólido desmancha no ar.

Esse turbilhão, trazido pela modernidade, pode ser observado pelas grandes descobertas nas ciências físicas, na industrialização da produção, reformulando novos “cenários” humanos, destruindo os antigos, no desenvolvimento de um eficiente sistema de comunicação de massas, “homogeneizando” os mais variados indivíduos e sociedades e através de um mercado capitalista mundial em expansão.

Para melhor compreender algo tão grandioso como a historia da modernidade, Marshall Berman, a divide em três fases:

· na primeira fase, que vai do século XVI ao fim do XVII, as pessoas estão começando a experimentar a vida moderna - sem saber direito o que as atingiu – não há, nesse momento, uma a noção de publico ou comunidade moderna;

· a segunda fase começa com a onda revolucionaria de 1790, com a Revolução Francesa, ganha vida a um grande e moderno público que compartilha o sentimento de viver em uma era revolucionária e de explosivas convulsões, ao mesmo tempo que consegue vislumbrar um mundo que não chega a ser moderno por inteiro;

· a terceira e ultima fase encontra-se no século XX, no qual o processo de modernização foi mais intenso, atingindo virtualmente o mundo todo.

A cultura mundial do modernismo em desenvolvimento realiza grandes feitos na arte e no pensamento, contudo, a expansão multiplica e fragmenta o público moderno, fazendo com que a idéia de modernidade perca a capacidade de organizar e dar sentido a vida das pessoas.

Jean-Jacques Rousseau foi o primeiro a usar a palavra moderniste no sentido em que os séculos XIX e XX a conceberão. Sendo ele a matriz de algumas das mais vitais tradições modernas, percebendo que a modernidade é acompanhada de uma agitada turbulência, destruindo e reconstruindo barreiras, transformando a tudo e a todos.

Para se ter uma idéia da complexidade e opulência do modernismo do século XIX, faz-se prudente ser atento á duas das vozes mais distintas deste século: Nietzsche e Marx.

Para Marx a vida moderna é contraditória, desse modo o próprio impulso dialético da modernidade se volta contra seus agentes; a burguesia. Pois esta não sobrevive sem revolucionar os instrumentos e as relações de produção e com elas todas as relações sócias, insuflando insatisfações na moderna classe operária, podendo fazer com que essa se rebele e assuma as rédeas das contradições da modernidade através da revolução.

Para Nietzsche as correntes da historia moderna também eram dialéticas e contraditórias, como por exemplo, no paradoxo em que o “indivíduo” ousa “individualizar-se” ao mesmo tempo em que necessita de um conjunto de leis q tratem da coletividade do ser social. Ele vê o perigo como o estimulo para a bem-aventurança da modernidade, porém, acredita que não viverá para sempre nesse perigo; visualizando a esperança no “homem do dia depois de amanhã” que criará novos valores para abrir novos caminhos através dos perigos.

O século XX conheceu uma produção artística e cientifica advinda da modernidade, apesar disso o pensamento a cerca da modernidade parece ter regredido e estagnado.

Há uma polarização de opiniões sobre a modernidade: ou é vista com entusiasmo cego ou com indiferença, um exemplo de polarização do início do século XX é o futurismo.

Os futuristas eram defensores da modernidade, acreditando que só ela trazia o progresso e que para isso era preciso quebrar todas as tradições e destruir o passado. Para eles a modernidade trazia a liberdade.

No outro extremo estava Max Weber, que analisa a vida moderna como um cárcere de ferro. Uma ordem inexorável e capitalista que determina a vida das pessoas que nasceram dentro desse mecanismo com força abrupta.

A diferença entre os críticos da modernidade do século XIX e do século XX é que os primeiros conseguiam enxergar nos homens modernos a capacidade de compreender seu destino, e assim poder combatê-lo. Já os pensadores do século XX não têm crença na habilidade dos homens e mulheres modernos em contornar o mundo que vivem.

No século XX com a rede desenvolvida pelo processo de modernização da qual ninguém pode escapar, pode-se aprender com os primeiros modernistas sobre o próprio tempo. Talvez só agora, homens e mulheres modernistas cheguem à plenitude de si mesmos.

“Apropriar-se das modernidades de ontem pode ser, ao mesmo tempo, uma crítica às modernidades de hoje e um ato de fé nas modernidades – e nos homens e mulheres modernos – de amanhã e do dia depois de amanhã” pág.49.



utro extremo estava Max Weber, que analisa a vida moderna como um caraoes dernidade parece ter regredido e estagnado