sábado, 7 de junho de 2008

Texto 8

Fichamento do texto Nº. 8: “A Grande Transformação”

As origens da nossa época

Karl Polanyi

O liberalismo econômico foi o principal organizador de uma sociedade engajada na criação de um sistema de mercado. Nascido como mera propensão em favor de métodos não burocráticos, ele evoluiu para uma fé verdadeira na salvação secular do homem através de um mercado auto-regulável.

Um tal fanatismo resultou no súbito agravamento da tarefa pela qual ele se responsabilizara: a magnitude dos sofrimentos a serem infligidos a pessoas inocentes, assim como o amplo alcance das mudanças entrelaçadas que a organização da nova ordem envolvia. O credo liberal só assumiu seu fervor evangélico em resposta a necessidade de uma economia plenamente desenvolvida.

Um comércio livre internacional envolvia também um mesmo ato de fé, suas implicações eram extremamente extravagantes, ele significava que a Inglaterra dependeria de fontes externas para seu abastecimento alimentar, que ela sacrificaria sua agricultura, se necessário, para ingressar numa nova forma de vida na qual ela seria parte integrante de uma unidade mundial do futuro, vagamente concebida.

Essa comunidade planetária teria que ser pacífica, pois, do contrário, ela seria tornada segura para a Grã-Bretanha pelo poder da sua marinha; e que a nação inglesa enfrentaria a perspectivas de deslocamentos industriais contínuos pela firme crença na sua capacidade superior, inventiva e produtiva.

Toda a filosofia social gira em torno da idéia de que o laissez-faire foi um acontecimento natural, enquanto que a legislação anti-laissez-faire subseqüente foi o resultado de uma ação propositada por parte dos que se opunham aos princípios liberais.

Nos anos 40, o liberalismo econômico sofreu uma derrota ainda maior, embora a Grã-Bretanha e os Estados Unidos tivessem abandonado a ortodoxia monetária, eles ainda guardavam os princípios e métodos do liberalismo na indústria e no comércio, na organização geral da sua vida econômica.

A análise revela que nem mesmo os adeptos mais radicais do liberalismo econômico puderam fugir à regra que tornou o laissez-faire inaplicável as condições industriais avançadas, até mesmo o livre comércio e a competição exigiam a intervenção para poderem funcionar.

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