sábado, 7 de junho de 2008

Texto 9

Fichamento do texto Nº. 9: “A Era dos Impérios”

Eric J. Hobsbawn

A política da democracia

A democracia como observou o sagaz Aristóteles, é o governo das massas populares, que em geral são pobres. Evidentemente, os interesses dos pobres e dos ricos, dos privilegiados e dos desprivilegiados não são os mesmos.

Mesmo se presumíssemos que são ou podem ser, é improvável que as massas considerem os negócios públicos sob a mesma luz ou nos mesmos termos que aqueles que os escritores vitorianos ingleses chamavam “as classes”, satisfeitos de ainda identificar ação política de classe apenas com a aristocracia e a burguesia. Esse era o dilema básico do liberalismo do século XIX.

Após 1870, contudo, tornou-se cada vez mais claro que a democratização da política do Estado era inteiramente inevitável. As massas marchariam para o palco da política, quer isso agradasse ou não aos governantes; foi o que realmente aconteceu.

Nesse sentido, qualquer que fosse o modo pelo qual esta avançava, entre 1880 e 1914 a maioria dos Estados ocidentais havia se resignado ao inevitável: a política democrática não podia mais ser protelada. Daí em diante, o problema foi manipulá-la.

A democratização, embora em avanço, apenas iniciara a transformação política, todavia, suas implicações, algumas vezes já explícitas, suscitavam os mais graves problemas para aqueles que governam e para as classes no interesses das quais o faziam.

Havia o problema de manter a unidade e a própria existência dos Estados, que já era urgente na política multinacional confrontada por movimentos nacionais.

Trabalhadores do mundo

O número de pessoas que ganhavam a vida por meio de trabalho manual, em troca de um salário, aumentava sensivelmente em todos os países inundados ou apenas banhados pela maré montante do capitalismo ocidental.

O número de tais assalariados, em grande parte, por eles haverem se transferido de dois grandes reservatórios de trabalho pré-industrial, as oficinas artesanais e a agricultura, que ainda mantinham a maioria dos seres humanos.

Esses assalariados, os proletários se ligavam a partidos políticos e sindicatos. Houve um notável impulso dos partidos da classe operária, a primeira vista, um pouco surpreendente. Sua força residia essencialmente na elementar simplicidade do seu apelo apolítico.

À medida que emergia uma classe operária consciente, que se expressava no movimento e no partido, nesta época, as plebes pré-industriais eram atraídas para a sua esfera de influência. E na medida em que não o foram, serão ignoradas pela história, por não terem sido seus construtores, mas apenas suas vítimas.

Bandeiras desfraldadas: Nações e nacionalismo

A base dos nacionalismos de todos os tipos era igual: era a presteza com que as pessoas se identificavam emocionalmente com sua nação e podiam ser mobilizadas, como tchecos, alemãs, italianos ou quaisquer outras, presteza que podia ser explorada politicamente.

Onde a identificação tornava-se força política, formava uma espécie de substrato geral da política. Isso torna extremamente difíceis de definir as suas multiformes expressões, mesmo em casos que afirmam ser especialmente nacionalistas ou patrióticas.

Não há dúvida de que o número de movimentos nacionalistas aumentou consideravelmente na Europa da década de 1870 em diante, embora de fato, menos Estados Nacionais novos tivessem se estabelecido na Europa durante os quarenta anos precedentes à Primeira Guerra Mundial do que os quarenta aos que precederam a formação do império.

Contudo, o que se revelou significativo, em longo prazo, não foi tanto o grau de apoio para a causa nacional, obtido nessa época entre esse ou aquele povo, e sim a transformação da definição e do programa do nacionalismo.

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